Hugo Ribeiro, Flávio Santos, Mario Lima Brasil, Wanessa Ferreira de Sousa, Deise Ramos da Rocha, Marta Martins Pederiva, Marilia Tatiane de Souza Oliveira, Mariana de Paiva Saturnino Silva (OPCULT/IDA/UnB)

Conforme preceitua a Constituição Federal (CF) de 1988, o acesso à educação e cultura deve ocorrer de forma universal, democrática e por meio de políticas de desenvolvimento econômico e social. O Programa Cultura Viva, através dos Pontos de Cultura, possibilitou que áreas populacionais com carências diversas pudessem usufruir de ações civis que ocuparam o papel do Estado no sentido de garantir seus direitos culturais, ao possibilitar aos indivíduos e às coletividades o direito à criação, à fruição, à difusão de bens culturais, além do direito à memória e à participação nas decisões das políticas culturais. Ou seja, desde seu início, o Programa Cultura Viva ampliou-se consideravelmente, atingindo áreas às quais historicamente nunca se deu a devida atenção, seja em termos de saneamento básico, saúde ou, para suas práticas e ações culturais.
A intenção dessa pesquisa foi, portanto, identificar como os Pontos de Cultura atuaram como agentes de mudança, no sentido de propiciar oportunidades e conhecimentos a contextos e grupos socioculturais que não tinham visibilidade, logo, não eram foco de políticas públicas.
A ideia foi criar um projeto piloto que pudesse ser replicado em outras regiões do Brasil. Uma vez que os coordenadores do projeto são diretamente ligados à Universidade de Brasília, nada mais lógico do que iniciar o projeto pela região Centro-Oeste. Dessa forma, como recorte metodológico inicial, escolheu-se todos os Pontos de Cultura do Distrito Federal e quatro Pontos de Cultura em cada um dos demais Estados da região. Em cada um dos demais Estados seria visitado dois PCs na capital do Estado, e dois PCs em duas cidades do interior do Estado, numa distância máxima de 200km (duzentos quilômetros) da capital.
A metodologia foi baseada na pesquisa de campo etnográfica, realizada em cada um dos Pontos de Cultura contatados. Para alcançar esse objetivo, nós contamos com duas bolsistas em nível de mestrado e quatro bolsistas em nível de graduação. As visitas eram realizadas sempre em duplas, quando ocorriam a coleta de dados com membros do Ponto de Cultura visitado, assim como alguns de seus beneficiários.
Os critérios utilizados para analisar o impacto dos Pontos de Cultura em suas comunidades foram baseados nos nove domínios da Felicidade Interna Bruta (FIB). Essa abordagem foi escolhida por permitir uma análise interpretativa, de forma a identificar a melhoria na qualidade de vida daquela comunidade de uma forma geral.
Para a presente pesquisa, cada um dos nove domínios do FIB foi analisado de forma individualizada, para identificar quais conceitos ou palavras-chave poderiam ser detectadas durante as entrevistas realizadas com os participantes dos Pontos de Cultura. O recurso metodológico utilizado para a coleta de dados direta foi a entrevista semiestruturada, baseada num questionário criado previamente. Dessa forma, a entrevista foi intencionalmente direcionada para temas de interesse da pesquisa através de perguntas pré-selecionados, mas com o cuidado de que os entrevistadores não influenciassem na resposta dos entrevistados. A análise das entrevistas ocorreu somente após todo o período de pesquisa de campo, quando a equipe reuniu-se para estudar os textos sobre o FIB, e como aplicá-lo na análise.